quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS

  • CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA SOCIAL PETROPOLITANA

ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS[1]

“O Balaio, o Balaio chegou

Cadê branco? Não há mais branco

Não há mais sinhô”

( Cântico das lutas da Balaiada, in, Luiz Luna)

“Ó didê, Baba um pê

Levanta-se, o pai está chamando...”

(O Caçador e os Orixás do Mato, in, Deoscoredes M. dos Santos)

Produzir um trabalho sobre o percurso histórico da raça negra em nossa comunidade é na maioria das vezes um trabalho que aparenta relativa facilidade de ser produtivo mas, também torna-se um tanto difícil, quando os elementos que temos que pesquisar se encontram na quase sua totalidade dispersos, e em locais às vezes o mais inacessível.

Portanto, procuramos formular uma síntese, ou melhor um “alinhavado” de textos, já anteriormente produzidos, e que até hoje possuem um denotado grau de importância cientifica em nossa cidade. São estes textos trabalhos fundamentais elaborados pela Comissão do Centenário, produzidos por vários autores. E para complementar, como não podia deixar de ser, recorremos ao constante manancial de informação que são os jornais que compõem a Hemeroteca Publica Petropolitana.

A expressão acima utilizada “fácil”, tem por característica não a depreciação do trabalho, mas o fator que o movimento histórico do negro em nossa comunidade difere das dos demais por uma única e atenuante característica; a da densidade demográfica – a não grande representatividade numérica em nosso quadro populacional, através das várias épocas que antecederam ao último quartel do século.

Porém, ao tempo ela torna-se significativa, desde que possamos formular um pequeno quadro histórico na formação social.

AS OBRAS DO CAMINHO NOVO

Nossos registros começam por volta do inicio do século XVIII, quando das aberturas das picadas para construção do Caminho Novo para as Minas Gerais. Em documento um dos pioneiros desta construção, Garcia Rodrigues Paes, filho do famoso “bandeirante das esmeraldas”, que é declarado “falido” não podendo mais continuar seu intento de abrir a nova estrada, em virtude de o esforço haver consumido todos os bens que lhe pertenciam, bem como aqueles que havia herdado. Este “enfraquecimento capital”, resultou nas seqüentes fugas de escravos, mão-de-obra a este pertencente, fruto do capital investido[2].

Fugas que freqüentemente levavam estes escravos a se refugiarem em nosso solo, constituindo na maioria das vezes “arremedos” de quilombos.

Na maioria das vezes, o sucesso da fuga, das diversas frentes ou locais de trabalho, para um local totalmente desconhecido, só pode ser visto, na medida em que o ideal de um quilombo, torna-se significado máximo do enraizamento histórico no processo social dos grupos, funcionando como encontro de identidades raciais e sociais. Enfim, a perpetuação étnica.

DECLARAÇÃO DE POSSE

Aberto o caminho, surge a necessidade do abastecimento, do povoamento a margem do mesmo. Daí a fórmula de “doação de sesmarias de terras”, porém para se tornar sesmeiro, as mais variadas dificuldades se interpunham. Eram necessárias condições não somente materiais, como também financeiras, para comprovadas estas, receber a dita doação. Seu principal requisito era:

“... achar-se o suplicante com escravos bastante para poder povoar... com muitos filhos de escravos para poder cultivar... por ter escravos e mais posses necessárias para a cultura...”;

era o que constantemente declaravam as petições.

Quando do trabalho de pesquisa levado a cargo pela Comissão do Centenário, estes não obtiveram, pelo escasso tempo qualquer petição que datasse anteriormente à 1712, e que pudesse evoluir o painel histórico de nossa cidade[3].

Portanto só a partir desta data é que se podem afigurar de forma quase que definitiva a existência de negros-escravos nas fazendas erguidas em solo petropolitano.

OS REGISTROS DE BATIZADOS

Frei Estanislau Schaette nos fornece vários documentos dos quais retiramos um que consideramos exemplar: a análise do situacionismo religioso e moral dos escravos pertencentes aos fazendeiros. Do mais antigo livro de batizados da Paróquia de Inhomirim, à folha 76, que possui o seguinte termo:

“... Aos 26 de outubro de 1734, nesta freguesia da Piedade de Inhomirim foi apresentado a Rev. Pe. Manoel Antonio um batizando, de licença ... e puz os santos óleos a Jacinta, mulatinha, na capela da Conceição das Pedras do Caminho das Minas, filha de Maria; escrava de Miguel correia, foram padrinhos João Rodrigues, filho de Pedro Moreira e sua Mãe Ana Cabral e se fez em 21 do mês deste ano, todos moradores desta mesma no dito caminho. O Vigário João de Matos dos Santos”

Frei Estanislau acrescenta ser este, segundo suas pesquisas, o primeiro batizado realizado em terras petropolitanas. O patrão é um dos mais antigos proprietários de “serra acima” como provam os freqüentes termos nos livros da paróquia.

Observação se faça, a de constantemente os patrões infligirem seus próprios costumes a seus escravos, a obrigação religiosa em si é um grande exemplo de tal, como se processasse o barbarismo e a promiscuidade no seio social negro. Outro elemento que pode ser amplamente questionado é a utilização do termo “mulatinha”, pelo vigário o que nos conduz a inúmeras conjecturações no que se refere ao “relacionamento inter-étnico”.

REGISTROS DE TESTAMENTOS

Outra fórmula de ser pesquisada a posição do negro em nossa comunidade são os testamentos dos fazendeiros. Dentre os vários citados pela Comissão do Centenário, transcrevemos extratos da primeira proprietária em solo petropolitano. D. Águeda Gomes de Perada (família Proença), a qual declara a posse de “... 39 escravos, entre grandes e pequenos, velhos e moços...”.

Outro registro, também é o de Antonio Proença, que, em 1737, ao falecer-lhe dois escravos na fazenda Tamarati, mandou leva-los a Suruí onde se processou o enterro religioso de ambos, já que todos os seus escravos adultos pertenciam a uma das irmandades da Matriz, das quais ele, o patrão, era seu membro de destaque[4].

Pelos números que desde já apareceram neste trabalho, pode-se por se assim dizer, ser a população escrava em nosso território, majoritária em relação a branca senhorial, porém este número se torna ilusório, em virtude dos processos que se abatem, tais como falecimentos por exaustão ao trabalho forçado, doenças, fugas e outros.

Outra questão, é a de que no geral a maioria das escrituras que relacionam tópicos escravistas, nos apresentam um perfil em que o escravo é para seu dono, um objeto de posse, instrumento de produção a valor ouro, em uma sociedade construída por braços negros, onde o branco direciona o social, controlando os lucros (Antonil).

VISITANTES ESTRANGEIROS EM PETRÓPOLIS

Muitos foram aqueles que por aqui transitaram, e hospedaram-se nas fazendas, em diversas direções. Porém poucos mencionaram em seus diários de viagem sobre a situação escravista das fazendas.

John Mawe foi o primeiro visitante estrangeiro, e passando pela fazenda do Pe. Correia comentou:

“... ser o Pe. Senhor de numerosa escravaria, grande parte da qual ocupada em moldar ferraduras para os animais (NA: o que já constituía uma pequena e primitiva industria manufatureira servil), com o ferro fabricado pelo processo sueco, trabalhado a frio, depois de lho darem forma na forja...”.[5]

As ferraduras eram constantemente procuradas nesta estrada de freqüente trânsito.

Já, o Barão Jorge Antonio Schaeffer, dizia que:

“... os escravos do Pe. Fazendeiro, eram tratados com indulgência e constantemente ocupados...”[6]

Alexander Caldcleugh, acrescentara:

“... existir uma capelinha, ao lado da casa, onde o Pe. Reúne os negros e celebra a missa... Dedica o Pe. Grande atenção a esta raça e retribuem-lhe os negros por uma verdadeira adoração todas as noites, ao virem beijar-lhe a mão, observa se já tomaram banho, antes de irem se deitar...”.[7]

Caldcleugh, ainda nos fornece outra informação, só que sobre o que se sucedia na Fazenda da Mandioca, pertencente a Lagsdorff, cujo administrador “... lutava com a escassez de braços escravos...”.

Outro visitante a fazer suas apreciações foi John Luccock que esteve na Fazenda do Samambaia, de propriedade do sobrinho do Pe. Correia, o qual enriquecera muito depressa, empregando todo o dinheiro na aquisição de novos escravos, “... os quais tratava com rispidez...”, enquanto sua lavoura se encontrava exaurida, pela utilização dos métodos rudimentares, e pela não adubação.

Estas são em resumo, algumas das principais apreciações só lamentamos que as mesmas não sejam mais completas quanto ao comportamento e costumes sócio-escravistas nas ditas fazendas, o que em muito ampliaria a visão deste ensaio.

ALFORRIA EM TESTAMENTO

É o testamento, outro documento hábil nestas pesquisas por intermédio de um destes podemos avaliar o grau de posse dos escravos para seus senhores.

Tomamos como exemplo o testamento de Catharina Josefa de Jezus, datado de 26 de junho de 1823, e registrado no livro de no.1 do Curato de são José do Rio Preto, que vem a ser o atual distrito de nossa comunidade[8].

Era a dita Catharina Josefa de Jezus, proprietária da fazenda do Córrego Seco, e começa por uma longa descrição de suas posses, onde assinala a de 25 escravos, em seguida pede aos filhos-testamenteiros que se faça o inventário destas. E mais:

“... Declaro que o meu escravo João telheiro e a preta Maria já velha e cansada os deixo forros e livres de qualquer pensão, e esta verba lhes servirão de carta.

..............................

Item declaro que deixo à minha necta Inocência filha da dita minha filha Britis, o valor que for avaliado a Escrava Maria, que esteve em seu poder.

.............................

Item declaro que deixo o criolinho Saturnino, filho da minha escrava Izidora, a meu neto Francisco José Maia...”.

Observamos presente neste testamento as primeiras informações de alforriamento de escravos que temos conhecimento em nossa comunidade, e que são em muito importantes, pois a proprietária faz liberta uma escrava doméstica de vínculo afetivo, permanecendo o restante, a maioria, que é significativo, a grande fortuna tutelado pelo regime e condicionado a transferências pelas conseqüentes vendas.[9]

NOTICIAS SOBRE POLICIAMENTO E PERSEGUIÇÃO DE ESCRAVOS FUGITIVOS

Antonio Machado relata um documento pelo qual José Cândido Fragoso é eleito para desempenhar as “árduas funções” de primeiro magistrado da freguesia de São José do Rio Preto. O capitão além de receber voluntários armamentos, obtivera carta branca para que processasse o ato de “limpeza das serras dos malfeitores e dos escravos refugiados nos quilombos que se davam também aos assaltos”.

Segundo Machado, os escravos muitas das vezes se uniam aos malfeitores. Estas são informações importantes, pois denunciam a existência da formação de quilombos nestas terras, e do abrigo de “bandoleiros” que espreitavam as tropas de muares que seguiam em rota às Minas, e das Minas, além dos constantes assaltos às fazendas. A grande novidade é a chamada “associação” entre ambos, algo que pode e deve ser muito discutível[10].

QUILOMBOS

Binot, artista e paisagista, ao escrever artigos para o “Parahyba”, também fornece informações importantíssimas para análise da questão dos quilombos em Petrópolis. Texto que segue:

“A Praça de Coblentz, região da confluência, hoje Passeio Público (NA.: atual Palácio de Cristal), antes da fundação da Colônia, isto é, antes de 1838, estava ainda virgem de plantas humanas, a não ser de negros fugidos, porque no lugar onde está a casa do Sr. Comendador Bernardes (esquina de 7 de abril com Piabanha), descobriu-se um quilombo com uma grande porção de terreno cultivado”[11]

Este é um fidedigno testemunho das ações correntes dos escravos fugitivos nas terras petropolitanas. Binot ao acrescentar que “existia um terreno cultivado”, forneceu a informação de que tal quilombo já possuía uma estrutura agrária, o que conseqüentemente nos leva a dedução da existência de uma micro formação societária no local.

Quilombo, lugar que se assemelha a “terra da promissão”, um ponto de liberdade. A grande questão é a de como esses grupamentos de escravos fugitivos e carentes de informações para manterem uma memória social, ou, uma história, chegaram a idéia de quilombo tão próxima daquela que lhes foi transmitida pelas tradições vulgares. A de .... onde liberdade era a prática, e as ......-ancestrais se revigoravam.

OS ESCRAVOS NAS OBRAS DO PALÁCIO IMPERIAL & A DEFESA DO TRABALHO LIVRE - COLONATO

Dados os primeiros passos para a constituição da freguezia, surge o ideal e a vontade imperial de ergue o Palácio de Veraneio, segundo o exposto no contrato de arrendamento com Koeler. Para tal empreendimento, em 1845, são fornecidos 40 escravos para ínicio da construção, que posteriormente se processou a base da contratação dos colonos alemães[12], em substituição ao trabalho escravo.

Philipe Arbos, cita textualmente o relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro, datado de 1846, que à página de no. 92, fala acerca da justificação do trabalho do colono e sua superioridade econômica em detrimento do trabalho do escravo:

“... todos os que tem visitado a Colônia reconhecem a superioridade do trabalho livre, principalmente quanto ao processo empregado – a empreitada...”

acrescenta P. Arbos, que

“... os colonos sem pagos pela metade que os escravos, ganhavam por dia , duas ou três vezes mais.”.

Encontramos no relatório o que se segue:

“... os escravos ganhavam para seus senhores de 600 a 800 rs., os colonos de 1$400 a 2$000 por dia para si...”[13]

Outra menção é citada por Lourenço Lacombe, por uma análise as obras realizadas pelo serviço público da Província na Estrada de Petrópolis à Juiz de Fora:

“... sobre o serviço de manutenção da estrada, na qual nenhum escravo podia ser empregado, “pois assim o exige um regulamento geral, que se aplica a todos os trabalhos públicos de certa importância”.

Acrescenta, esse cuidado, em se excluir os escravos dos trabalhos públicos revelam uma tendência para uma emancipação a longo prazo (1865), o que assinalava o modo de pensar de D. Pedro II sobre o problema escravo[14].

MERCADO DE ESCRAVOS NA RUA DO IMPERADOR

Segundo informações de João Duarte da Silveira, tabelião e coronel da Guarda Nacional, em 1867, aqui existia o cidadão português, Joaquim Martins Correia, próspero comerciante e industrial, que chegara a Petrópolis desde o inicio de sua fundação. E que aqui o mesmo desenvolvera amplas atividades comerciais e industriais, havendo inclusive sido o fundador da Fábrica São Pedro de Alcântara[15].

Duarte da Silveira, cita que o mesmo Martins Correia, possuía um extenso comércio em vários prédios de sua propriedade no centro da cidade, e tinha licença para desenvolver atividades de compra e venda de casas, escravos, ou de qualquer outro objeto de valor. Isto denota um simples movimento comercial e de corretagem, mas em confronto com os livros municipais[16] do período, não encontramos menção ao termo “mercado de negros”, já que tal terminologia em muito se aplicava aos mercados livres de cidades como Rio e Salvador. E por Petrópolis pelos seus princípios econômicos não denotar tal necessidade.

TRAFICANTES DE ESCRAVOS NO CÓRREGO SECO

Segundo Philipe Arbos, Koeler, contava com grandes homens ao seu lado para defesa de sua teoria do Trabalho Livre Colonial. Um destes adeptos era Paulo Barbosa, o Mordomo Imperial, que freqüentemente intercedia junto ao Imperador, e o de mais dois futuros Presidentes da província, na questão da intensificação dos serviços de imigração, em um melhor aproveitamento dos colonos do que dos escravos, contra os que denunciavam a “utopia” do trabalho livre.

P. Arbos, cita que em relatório ao Imperador

“... a cidade progredira muito mais nos últimos quatorze anos sob esta política “colonista”, do que qualquer outra...”.

E que em certa discussão,

“... os traficantes de escravos também se irritaram; pois todos os argumentos lhes pareciam bons, e quando se tratou da escolha do Córrego Seco para localização de uma colônia, exploraram em seu prejuízo até o nome, como se significando falta d’água...”[17].

ANÚNCIOS NOS JORNAIS PETROPOLITANOS

São os jornais um veio inesgotável para a pesquisa histórica, onde os anúncios tem uma validade insuperável. Os anúncios refletem, com fidelidade, a formação da comunidade. Os anúncios dos velhos jornais não anunciam apenas a venda e a compra; eles trazem outra característica em sua entrelinha, a das emoções da comunidade: apelos, críticas, advertências, dores e alegrias, ódio e perdão.

Se nos detivermos no texto de um anúncio do período da escravidão, que não são poucos, atentamos para a noticia da fuga e, ao mesmo tempo para as alvíssaras prometidas pela sua captura. Destacando a figura do senhor de escravos, impiedoso, ganancioso e explorador do negro, sob todas as formas.

Assim, transcreveremos uns poucos que nos podem servir de ilustração:

“ATTENÇÃO.

30U000.

Fugio no dia 9 do corrente na rua de S. Clemente n.79 o preto de nome João, nação Moçambique, tendo vindo para aqui pequeno, é fula e anda môço, altura regular, é cosinheiro, já foi marinheiro, levou uma viola e roubou quando fugio uma porção de roupa fina preta e branca e um chapéo de palha cor de café, costuma diser que é forro e consta que anda com uma carta de forro falsa; roga-se aquém do mesmo possa dar notícias, ou apprenhender de dirigir-se à rua d”Alfândega, n.2, ou a casa acima, pois se gratificará bem, protestando-se desde já contra quem o tiver ocoutado.[18]

Uma análise breve deste anúncio do Parahyba, nos levaria a considerar o seguinte: era o escravo um servo de qualidades essencialmente domésticas, não somente por ser cozinheiro, mas também por seu patrão morar em uma zona urbana do Rio de Janeiro, e este até mesmo pode servi-lo como um “valete”. Sua nação é Moçambique, fula mais para mestiço que para negro propriamente. Moço e forte. A indicação de haver sido marinheiro lhe fornece características de esperteza além de um físico razoável. Se o patrão não estivesse mentindo quanto a notícia da carta de alforriação, esta informação se verdadeira, complementa seu comportamento malandro, e alimenta seu ímpeto de liberdade. Porém, vê-se bem que segundo informações do patrão, ele roubara roupas de fino trato. O anúncio termina com um veemente protesto contra os “coiteiros”, protetores ou “abolicionistas”.

“ESCRAVO FUGIDO

Fugio do lugar Secretario, Município da Parahyba do Sul, o escravo de nome Luiz, pardo; a pessoa que der noticias ou leva-lo a casa do Sr. Duarte pinto, nesta cidade, será gratificado se o exigir.[19]

“ESCRAVA FUGIDA

Pela Delegacia de Policia de Petrópolis se faz público que se acha presa na cadêa desta cidade a preta Maria de 56 annos, crioula, que diz ser escrava de Antonio da Cunha, morador adiante do Arraial de Santo Antonio dos Crioulos na Província de Minas.

Delegacia de Polícia, 20 de julho de 1880 – O Escrivão interino, Joaquim Ferreira de Andrade.[20]

ABOLIÇÃO PETROPOLITANA

O Mercantil de oito de junho de 1887, assinala que durante uma festa de cunho abolicionista, realizada no dia 07 no Palácio Itamarati, no Alto da Boa Vista, para solenizar o restabelecimento da saúde do Imperador. D. Pedro II, participou membros de uma comissão organizada na cidade de Petrópolis, e que para comemorar tal:

“... nada seria mais agradável ao coração de Vossa Majestade do que promover-se a libertação de escravos, a Comissão vem hoje apresentar a Vossa Majestade, sessenta e duas cartas de Liberdade como uma pequena prova do muito amor e respeito que consagra à pessoa de vossa Majestade...”.

Praticamente é o inicio da configuração abolicionista na terra que o Imperador tanto rendia sua presença.

Cerca de dez meses mais tarde, quando o Imperador se encontrava em viagens pela Europa, a Princesa Isabel ocupava como regente o trono do Império. Este fato contribuiu mais ainda para que o processo abolicionista que se arrastava por décadas tivesse seu término.

Assim sendo, em primeiro de abril de 1888, portanto a quarenta e dois dias da assinatura da Lei Áurea, da abolição geral, Petrópolis, em um domingo de festas:

“... as duas horas da tarde no Pavilhão Hortícola (Palácio de Cristal), tem uma promoção dos Autustos Principes. A Princesa Imperial Regente, junto ao Conde D’Eu, seus filhos, o presidente do conselho e distintos membros do Ministério e de delegações estrangeiras, além da Imprensa em geral promulga a libertação dos escravos em Petrópolis. O ato se inicia com o orador, Dr. José da Silva Costa, findo o qual, desfilaram os cativos matriculados existentes em Petrópolis e alguns de outros municípios. Sua Alteza graciosamente distribui as 120 cartas de liberdade que eram trazidas uma a uma pelos jovens príncipes, D. Pedro e D. Luiz. Finda a emocionante cerimônia lavrou-se o ato da solenidade, e as 16h30min, entre alegres vivas, termina a festa.[21]

Acentuamos que um dos cronistas do Mercantil assinalou o que se segue em sua crônica:

“... na maior parte os libertos são do município de Petrópolis, não se podendo felizmente declarar esta livre, por falta de acordo com três proprietários de escravisados...[22]

Porém, esta melancólica nota, não retira o registro histórico no que se refere ao “abolicionismo” em fato, em Petrópolis. Não seria o pioneirismo, já configurado por outra Província no Brasil, mas uma discreta comemoração.

Em 21 de maio, após a maratona abolicionista, a Princesa Regente junto a sua família é recepcionada pela população na Rua do Imperador com grandes festejos organizados pelos comerciantes locais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS[23]

A questão do negro em nossa sociedade não se resolveu somente com a abolição, nem será resolvido tão cedo, para muitos estudiosos, muito pelo contrário, foi com a abolição que os problemas mais se avolumaram, pois marginalizou a grande maioria da sociedade brasileira, que por sobrevivência foi obrigada a se deslocar para os grandes centros comerciais e industriais brasileiros, ou sua proximidade. Em nossa cidade vimos constatar que o número de negros em nossa sociedade proporcionalmente foi insignificante principalmente ao final do século XIX, devido ao contexto coloniza tório migratório alemão, e devido a sua miscigenação com o passar das décadas junto aos nacionais.

No inicio do século XX, o número de negros em uma estimativa seria proporcionalmente o mais baixo de todas as regiões do Estado, provavelmente 5% em toda a região que abrange o município. Esta estimativa poderia ser razoavelmente configurada, quando em entrevista à Tribuna de Petrópolis em 1983, Guilherme Eppinghaus, engenheiro civil e público, ex-secretário municipal no governo do Dr. Sá Earp, afirmou que na década de 20 só havia uma família negra habitando o “morro da Caixa D’Água”, atual 24 de Maio, assim mesmo, pois pertencera a empregado encarregado de cuidar da Caixa D’Água. E por outro lado questionado sobre a “Lapa petropolitana”, o Bairro Floresta, onde moravam “malandros-de-navalha e prostitutas” ele afirmou que na mesma década mencionada eles não passavam de aproximadamente umas 200 pessoas.

Para corroborar este fato temos o fato pertencente as estatísticas levantadas pela equipe da prof. Ismênia de Lima Martins, sobre a admissão do primeiro negro em uma industria petropolitana em 1911. Fato que também comprova o alto preconceito existente no industrialismo petropolitano com a mão-de-obra que não seja oriunda dos bolsões fornecedores formais, tanto o italiano como o alemão, ou alguns nacionais brancos.

A grande parcela que na atualidade forma a população negra de Petrópolis, a principio deslocou-se das fazendas próximas à região que chegaram em busca de melhores condições de trabalho, já que a grande maioria destas fazendas entraram em decadência principalmente com as crises do café. E mais tarde observamos o deslocamento de muitas destas populações das regiões mineiras que ao seguirem em direção ao Rio, passam por Petrópolis e fixam-se nas áreas limítrofes como a Baixada Fluminense, ou mesmo Petrópolis. Muitas destas populações negras das Minas Gerais, principalmente da área da zona da mata, chegaram nas décadas de 40 e 50 junto a migrantes nordestinos em fuga da seca.

FONTES

Fontes Primárias:

· Jornais (pertencentes à Hemeroteca Pública do Arquivo Histórico Municipal), principalmente o Mercantil e o Parahyba;

· Livros públicos municipais – Relatórios Comerciais e Industriais

Fontes Secundárias:

· VÁRIOS, in, Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis, 6 volumes, PMP, 1957, Petrópolis;

· LUNA, Luiz – O Negro na Luta Contra a Escravidão, Editora Cátedra, Rio de Janeiro, 1976;

· MARTINS, Ismênia de Lima – Subsídios para a História da Industrialização em Petrópolis, Centro de Pesquisas em História da Universidade Católica de Petrópolis, 1983, Petrópolis;



[1] Publicado em 12 de maio de 1984, no Segundo Caderno da Tribuna de Petrópolis

[2] Comissão do Centenário de Petrópolis, volume , pg. 41

[3] Ibid,pg. 241

[4] Ibid, pg 195/204

[5] Ibid, pg. 49

[6] Ibid, pg. 73

[7] Ibid, pg. 83

[8] o ensaio foi escrito em 1984, quando São José ainda não havia se emancipado de Petrópolis.

[9] Comissão do Centenário de Petrópolis, volume VI, pg. 21

[10] Ibid, vol. VI, pg. 21

[11] Ibid, Vol VI, pg.104

[12] Ibid, vol. VI, pg. 189

[13] Ibid, vol VI pg. 198

[14] Ibid, vol V, pg. 138

[15] Ibid, Vol. V, pg. 30

[16] Registro de atividades comerciais no município

[17] Comissão do Centenário, vol. VI, pg. 189

[18] in, O Parahyba, 19/12/1858

[19] in, Mercantil, 15/02/1879

[20] in, Mercantil, 31/07/1880

[21] in, Mercantil, 07-11/04/1888

[22] Ibid

[23] Este opúsculo foi adicionado em 2002 ao rever o artigo para trabalho com alunas do curso de Formação de Professoras, porém do texto original nada foi alterado, somente esta parte acrescentada.

sábado, 18 de dezembro de 2010

O OUTRO BARBOSA DE PETRÓPOLIS: ARTHUR BARBOSA

A história oficial e tradicional de Petrópolis destaca o papel efetivo de um Barbosa, o mordomo imperial, aquele que junto com D. Pedro e Koeler constituíram a “santíssima trindade” da fundação. Marco primordial das origens da localidade.
Este Barbosa foi a bandeira do século XIX, das articulações diplomáticas, administrativas e políticas. Um amante da organização de uma cidade para seu “Rei”.
O outro Barbosa, nenhum traço de parentesco advinha, segundo palavras de Áurea Maria de Carvalho, que constituirá uma pequena biografia para tomar no Instituto Histórico de Petrópolis.
Estamos falando de Arthur Alves Barbosa, nascido em Niterói, em meados a segunda metade do século XIX, mas precisamente em 17/05/1863. Segundo Áurea Barbosa haveria estudado no Colégio Briggs onde teve um jornal manuscrito em parceria com o celebre pintor Antonio Parreiras.
Alguns já diriam que muito antes em sua infância teria estudado em Petrópolis.
Segundo Áurea Barbosa teria sido transferido pelos pais para o Colégio São Bento. E em 1883 seguiu para cursar a Faculdade de Direito, em São Paulo, onde foi companheiro de “república estudantil” de Alberto Torres, Raul Pompéia e Osório Duque Estrada. Ela ainda assinala que Barbosa teria abandonado os estudos no terceiro ano, já Jerônimo Ferreira Alves, afirma em artigo que Barbosa teria concluído, pois para ser nomeado na época como foi escriturário da Tesouraria da Fazenda Pública, seria necessária a formação, pois era um cargo de grande relevo.
Barbosa também pertenceu na época ao Clube Republicano de São Paulo, o que conseqüente-mente lhe traria grande prestigio político junto aos demais companheiros.
Casou-se, em 3 de junho de 1889, com Leonor Campos Barbosa, porém não tiveram filhos, o que conduziu dona Leonor a manter constantemente compromisso com a benemerência e assistência social enquanto seu marido foi diretor e redator de jornal em Petrópolis.
Em São Paulo, Barbosa colaborou nos jornais DIÁRIO POPULAR, CORREIO PAULISTANO, DIÁRIO MERCANTIL. E juntamente com Olavo Bilac fundou a revista ilustrada VIDA SEMANÁRIA.
Exonerou-se do cargo em São Paulo e retornou a Niterói. Sendo logo designado funcionário do Tribunal da Relação e transferindo-se logo depois para a Secretaria do Interior.
No governo fluminense de Alberto Torres, seu ex-companheiro de “república”, dirigiu a 3a seção da secretaria de Obras Públicas e Indústria.
Transferindo-se para Petrópolis reiniciou sua carreira na imprensa, mais precisamente na GAZETA DE PETRÓPOLIS, que foi sucessora de O MERCANTIL. Foi também correspondente dos jornais cariocas GAZETA DE NOTÍCIAS, do qual Bilac destacava-se como colunista e O PAIZ, de Bocaiúva.
Fundada a TRIBUNA DE PETRÓPOLIS, sobre os ossos de O POVO, em 9 de outubro de 1902, Barbosa iniciou sua colaboração no dia 23 do mesmo mês, mais precisamente no quinto número, e utilizava o pseudônimo de Carlos Ferraz, que o marcou consideravelmente em épocas de grande atrito político principalmente com o grupo do general Quintino que dominava a política fluminense.
A TRIBUNA DE PETRÓPOLIS pertencia a António Martins de Oliveira, um leiloeiro público, que era também integrante do grupo político de Hermogênio Pereira da Silva e, Artur Barbosa, foi um de seus redatores, transformando-se posteriormente em um dos grandes próceres políticos deste mesmo grupo na cidade.
Em 1° de dezembro de 1903, ano de grande turbulência política tendo Petrópolis ainda como sede do governo do Estado, Arthur, assumiu a direção exclusiva do semanário, embora a Tribuna pertencesse a uma associação formada pelo próprio Hermogênio Silva, Barros Franco, Horácio Magalhães e Sá Earp. Mas que finalmente a 18 de fevereiro de 1906 passou à propriedade pessoal de Barbosa.
Iniciou-se então uma tirânica batalha de Barbosa para elevar a TRIBUNA ao relevo político que haveria de marcá-la na História da Imprensa fluminense.
Em 1° e janeiro de 1908 a Tribuna ganha edições diárias; em 1910 passa a ser ilustrada com fotogravuras; e passo à passo, ganha as publicações oficiais do município, sem qualquer concorrência.
Sua presença como diretor e redator granjeou imensa responsabilidade e respeito em toda à cidade. E seus contatos com representantes da imprensa do Rio de Janeiro, conduziram Barbosa a articular a criação do Circulo da Imprensa em 1916 com a companhia de Roberto d’Escragnolle, Maia Forte, J. Figueiredo e J. Bicalho.
Foi eleito com expressão para a Câmara Municipal chegando a exercer sua presidência de fevereiro de l9l3 a abril de l9l6.
Em 1917, Barbosa envolvera-se em uma discussão política violenta na Câmara Municipal, quando Joaquim Moreira, que foi prefeito e chegou a Ministro de Estado, perdeu a calma e sacou de uma arma na tentativa de alvejar o próprio Barbosa, sendo desarmado por companheiros. Os resultados eleitorais alteravam os ânimos destes políticos oposicionistas.
Em 1918, assumiu por quase dois meses a Prefeitura, em uma época turbulenta de crise social e sanitária por que passava não somente a cidade como o país.
Em 1922, durante o governo de Arthur Bernardes, Barbosa, critico contumaz e oposicionista, tendo sido eleito deputado duas vezes, foi preso e impedido de manifestar-se tanto politicamente como profissionalmente. Da prisão, arrenda a Tribuna aos companheiros, Alcindo Sodré e Carlos Rizzini, que a dirigiram de 1923 a 1925, quando livre dos processos e liberto, reassume a propriedade e a direção, lutando pelo objetivo da constituição da sede própria do jornal.
A 1° de janeiro de 1929 a Tribuna de Petrópolis passou a funcionar em Sede própria, à Rua /Alencar Lima, onde está até hoje. O terreno pertencia a Artur Barbosa e o prédio foi projeto de Osório Magalhães Sales, sendo construído com o patrocínio do comércio e da indústria petropolitanos e principalmente com a colaboração da população e de profissionais como operários da Leopoldina, pedreiros, eletricistas que em uma empreitada comunitária ergueram o que denominavam “patrimônio da cidade”.
Artur Barbosa completou seus 50 anos de imprensa em 1938, sendo que por questões de saúde, que desde a prisão sempre esteve abalada, em 3 de julho de 1943 vendeu a Tribuna de Petrópolis a uma Sociedade.
Foi escritor, tendo como obras publicadas; Rosal (crônicas literárias) e Amores de Deodato e Madalena (novelas).
Faleceu em Petrópolis, em 24 de novembro de 1947, logo após participar de uma última cerimô-nia à frente da Tribuna com todos os profissionais que ali trabalhavam.
Pronta para completar 150 anos, nossa imprensa iniciada com Sudré, não poderia dispensar nomes como o do próprio Arthur, o outro Barbosa.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

NOSSOS IDOSOS E A MEMÓRIA PETROPOLITANA

A MEMÓRIA DE NOSSA CIDADE ESTÁ PRESENTE EM NOSSOS IDOSOS
Tribuna de Petrópolis 2007

Somos criticados com constância por retornar ao mesmo assunto, a História Oral em nossa cidade. Mas que posso fazer? Sendo pesquisador e professor de História, torna-se condição ímpar em meu cotidiano e que constantemente nos assusta. A preservação da memória social de nossa comunidade.

Os “lotações” são meu mais eficiente meio de transporte diário, desde a manhã à noite, para o trabalho, já que não dirijo. E assim, faço deles também meu cotidiano, que as vezes torna-se aborrecido e irritante pela péssima prestação de um serviço tão precioso à população. Mas por outra, torna-se fantástico, quando entramos em contato com nossa “massa” populacional. Assim observamos seus desejos, suas idéias, principalmente quanto as informações sobre o dia-a-dia desta mesma sociedade.

Nossos políticos infelizmente esqueceram-se, de como é necessário saber o que a sociedade pensa e como ela vive. Seus possantes veículos importados de ar-refrigerado cerram a visão do urbano a ser administrado.

Nestas idas e vindas, sentado ao lado de um senhor de idade, começamos por trocar impressões acerca da mudança do clima na cidade, que para ele já não era mais o mesmo, sendo a variação ocorrida em um mesmo dia em Petrópolis muito assustadora. Principalmente para quem já possui impressionantes 92 anos.
A conversa seguiu e ele me informou que era petropolitano nato e havia possuído um só emprego em sua vida, ao qual devotara imensa fidelidade, ganhando em troca um salário de pensão. Ele fora componente da Guarda Municipal Petropolitana. Guarda esta criada em 1920. Um fato que o honrava muito, não somente por ter sido seu único emprego, mas por fazer parte da ordem pública de nossa sociedade em uma determinada época. Para muitas pessoas humildes como da época, uma espécie de “polícia”.

A instituição das guardas municipais no Brasil nos remete, ao final do século XIX, quando iniciam-se as preocupações com o policiamento de praças e jardins e das primeiras ocorrências urbanas pós migra-tórias. A guarda ou policia propriamente dita, ou "praças", não eram suficientes para o patrulhamento, e assim os municípios passam a observar na época da “belle époque” a necessidade de patrulhamento dos principais pontos de lazer ou do cotidiano da elite urbana.

A mais antiga guarda municipal do Brasil foi a da cidade de Recife criada em fevereiro de 1893, cha-mados "Guardas de Jardim". Quando da criação desta força, os guardas municipais não podiam pren-der ninguém, suas atividades eram limitadas. Quando ocorria um fato policial, os guardas deslocavam-se até a delegacia mais próxima para informar aos policiais (praças).

A guarda do Rio de Janeiro também foi criada ao final do século XIX, sua importância foi tamanha que um de seus componentes (1889/93) foi nada mais, nada menos que Augusto César Malta de Campos (1864/1957) o grande fotografo, que chegado das Alagoas ao Rio, não teve muita sorte como guarda-livros ou comerciante e integra a Guarda Municipal até que se torna em 1903 por contrato o primeiro fotografo oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Em Petrópolis o policiamento mais efetivo foi o dos "inspetores de quarteirão", praças habilitados a fazer o patrulhamento das principais vias, principalmente as do centro, das mansões, dos solares, onde residiam personalidades ou por onde ficavam sediadas as instituições consulares desde o veraneio do Imperador.

A guarda petropolitana, ao que parece era denominada de noturna, mas conhecida pela população como “praça municipal“, inclusive pelas referências nas noticias dos jornais locais (Centenário da TRIBUNA DE PETRÓPOLIS), foi criada na década de 20 na administração de Oscar Weinschenck e não diferindo das demais criadas no Brasil, executando o patrulhamento das praças e dos prédios públicos no centro da cidade, de auxilio aos moradores e não de “patrulhamento de camelodrômos” como hoje, considera-do por muitos haver sido criado no governo Gratacós.

“Seu” Djalma Conceição, morador humilde da rua Capitão Paladino, do alto de seus garbosos 92 anos, é um petropolitano que se confunde com a história. Memória de uma cidade, cujas instituições atuais negam-se a cumprir seu papel e consideram que lembrança é algo tão inútil que não dá voto.
Quantos "Djalmas", não “vivem” em seus depoimentos cotidianamente, sem crédito dos que os ouvem. Eles, são a lembrança testemunhal dos fatos e movimentos locais ocorridos no século XX, diante dos poucos que os escutam. Cumprem com galhardia a lembrança que o “espírito público” teima em não preservar.